Esse ponto na cidade de Berlim, chamado Checkpoint Charlie, talvez seja a maior armadilha pra turista da cidade. Mas cá estou eu escrevendo sobre ele…
De fato, muito do que rodeia o Checkpoint Charlie é fake.
Quase tudo nas proximidades é mais caro e por ali é onde você tem uma das maiores probabilidades de ser furtado em Berlim. E aí? Convidativo?
Me dá uma chance para eu te convencer que vale a pena ir lá (antes salva aí o nosso post sobre os cuidados que você deve tomar em Berlim).
O muro de Berlim
No ano de 1961, a Alemanha Oriental resolve construir o muro de Berlim.
O muro foi construído literalmente da noite para o dia. No dia 13 de agosto de 1961, os berlinenses acordaram com um muro cortando a cidade.
As autoridades da Alemanha Ocidental e dos EUA protestaram bastante, mas não podiam fazer muito além disso. Claro que, com o muro, a passagem entre os dois lados de Berlim ficaria interrompida.
Porém, ainda em 1945, no final da II Guerra, as potências aliadas acordaram que haveria o direito de livre circulação dos vencedores no território conquistado (toda a Alemanha). Logo, a construção do Muro de Berlim poderia ferir esse acordo.
É por isso que foi exigido da Alemanha Oriental que eles construíssem fronteiras dentro de Berlim.
Ou seja, fronteiras Berlim-Berlim (eu sei que soa patético. E é!).
E por que Checkpoint Charlie?
Uma dessas fronteiras ficou numa das mais importantes ruas da cidade, a que faz a ligação Norte-Sul, a Friedrichstrasse.
O nome desse posto de fronteira foi chamado pelos americanos de Checkpoint Charlie. Esse nome significa nada mais do que Posto (ou ponto) de Fronteira (ou de checagem) C.
Por mais que alguém insista, o Charlie não tem nada a ver com a foto daquele soldado lá em cima.
Charlie é uma representação da letra C no alfabeto militar da OTAN. “A” seria alpha, “B” bravo e “C” Charlie! 😀
Pois bem, dois meses depois da construção do famigerado muro, o chefe-assistente da missão americana de Berlim, Edwin Allan Lightner, foi passar lá pelo Checkpoint Charlie para assistir a uma ópera (reza a lenda que ele ia encontrar uma namorada). Os soviéticos barraram ele lá. Já dá para imaginar a confusão?
E bem no auge da guerra fria…
A crise dos tanques de Berlim
Então, minutos depois, dezenas de tanques soviéticos e americanos ficaram se encarando.
O nível de alerta da OTAN foi elevado, tropas no mundo inteiro foram acionadas. Os comandantes dos tanques de ambas as potências tinham ordem para explodir tudo se outro lado atirasse. Ia ser uma beleza! #sqn
Pobre Berlim, tinha acabado de ser destruída em 1945, tinham acabado de construir um muro rasgando a cidade e já iria virar pó de novo.
Se você é como eu e tá começando a achar essa história mais interessante, então abre aí também o meu post falando sobre o contexto da Alemanha em 1945 e destruição de Berlim.
Bom, depois de 1945, nenhum dos lados queria guerra. Uma guerra atômica não era interessante pra ninguém, mas ninguém queria demonstrar fraqueza.
Foi aí que depois de muita negociação entre Khrushchov e Kennedy ambos resolveram apaziguar os ânimos. Kennedy prometera pegar mais leve em Berlim e Khrushchov concordou em recuar os tanques.
Toda essa história aconteceu bem aqui, no Checkpoint Charlie. Bem no centro de Berlim, no meio da Friedrichstrasse.
Já pensou em pisar no local onde poderia ter estourado a terceira guerra mundial?
E aí, vale a pena visitar o Checkpoint Charlie?
O ponto hoje até pode ser uma armadilha pra turista, mas eu ainda acho que vale a pena ir lá pra ver o local desse acontecimento decisivo para nossa história.
Se algum militar lá, sem querer, atirasse, o mundo poderia ser bem diferente hoje, se é que ele existiria.
E além de o local ter sido palco dessa história, hoje é possível ver uma exposição fotográfica gratuita no cruzamento da Friedrichstrasse com a Zimmerstrasse.
Lá você vai poder ler e ver sobre as tentativas de fuga, sobre a evolução do Checkpoint Charlie, e sobre o triste caso de Peter Fechter, que foi alvejado ao tentar atravessar o muro. Tudo de graça.
Como chegar:
Para chegar lá você pode descer no U6 Kochstrasse ou U2 Stadtmitte.
Outros blogs que também possuem posts bacanas sobre o Checkpoint Charlie:
Vontade de Viajar
Tá indo pra onde?
Meus Roteiros de Viagem
Por perto
Próximo ao Checkpoint Charlie há também a Topografia do terror e o museu judaico, sobre os quais escrevemos no nosso post 03 museus para visitar na sua primeira vez em Berlim, além do antigo prédio da Luftwaffe e da Potsdamer Platz. Recomendamos incluir também todos no seu roteiro.
Opa! Valeu por indicar nosso artigo 🙂
Viajar pra Berlim é ter uma aula de história onde tudo aconteceu, é muito emocionante!
Nada, Nanda :*
Berlim é muito especial mesmo!
Parabéns Pacelli, post muito bom !
Obrigada, Carla! Pacelli também agradece 😀
[…] Portao de Brandenburgo depois da IIGM e hoje – Painel no Checkpoint Charlie […]
B é Bravo, não Beta.
Oi, Bruno!! Nossa, obrigada pelo comentário, nem sei por que está “Beta” – deve ter sido meio automático – porque desde sempre a gente sabe que é Bravo mesmo!! haha
Obrigada 🙂
Abraços!
Ei, estou indo para Berlim passar o reveillon, e reservei um hotel nesta região próxima ao Checkpoint Charlie, fiz pré-reserva sem pagamento e com cancelamnento grátis, assim ainda posso voltar atrás. Como voce citou ser o local com maior possibilidade de ser furtado em Berlim, fiquei meio insegura agora. Voce acha que vale a pena mudar a reserva, pra ficar num local com uma sensação maior de segurança? Que locais voce sugere ficar em Berlim?
Olá, Mariana, a maior probabilidade de ser furtado lá é por conta da quantidade de turistas no local. Não há sensação de insegurança na área, pode ficar tranquila.
Abraços!