Todo mundo que cresceu assistindo a filmes deve ter visto vários deles baseados em histórias de espionagem. Antes, com forte referência à guerra fria e, depois, ao oriente médio.
Esse tema tem fascinado várias gerações e serviu de inspiração para diversas histórias seja em forma de livros ou filmes. Muitos desses filmes, como nos clássicos de James Bond, podem parecer bastante exagerado.
A tecnologia é demasiada avançada, os agentes são treinados demais, as pessoas são excessivamente paranoicas. Mas será que tudo isso são apenas técnicas de narrativa? Ou historinhas para conseguir boa bilheteria nos cinemas?
A verdadeira história da Stasi nos faz questionar esses supostos exageros.
A Stasi era a polícia secreta da Alemanha Oriental, da RDA (República Democrática Alemã), ou mais conhecida como Alemanha Socialista ou Comunista.
Essa polícia é considerada uma das mais efetivas de seu tempo e suas técnicas de espionagem deixam muitos filmes pra trás. Todo o aparato era utilizado para repreender as pessoas que fossem contrárias às políticas do Estado.
Nada ficava fora do alcance da Stasi. Qualquer pessoa minimamente suspeita tinha seu apartamento cuidadosa e sutilmente vasculhado. Além disso, microfones e câmeras eram colocados em todo o recinto. Nada escapava, nem banheiros.
Espionagem por radiação
Outra técnica bastante avançada para espionar era através de radiação.
O que antes não passava de uma lenda urbana na Berlim Oriental, mostrou-se verdadeiro: a Stasi se utilizava de radiação para marcar, perseguir e espionar seus suspeitos.
Uma mistura com átomos de scandio 46 era borrifada em pertences dos dissidentes, o que o tornava fácil de localizar através de medidores de raios gama.
Não só pessoas eram vigiadas dessa forma, mas também seus carros.
Uma pequena bala radioativa era disparada em direção ao carro do suspeito, dessa forma ele poderia ser seguido mais facilmente.
Essas técnicas de espionagem por radiação foram desenvolvidas por físicos nucleares da Alemanha Oriental. Há hoje a suspeita de que algumas pessoas que tiveram suas vidas investigadas dessa forma tenham morrido por conta de câncer, provavelmente causado pela radiação.
Espionagem por cheiro
Uma das formas mais bizarras de espionagem era através do cheiro.
Os agentes da Stasi conseguiam que os suspeitos entrassem em contato com uma flanela. Eles podiam chamar o suspeito para uma conversa e o colocava para sentar numa cadeira forrada pelo tecido.
Depois disso, o tecido era colocado num pote de vidro, armazenando, dessa forma, o cheiro.
Caso precisassem encontrar o suspeito, a Stasi tinha a sua disposição um exército de cachorros altamente treinados para entregar os dissidentes.
Essa técnica serviu para a identificação de distribuidores de panfletos, por exemplo.
O aparato da Stasi
Mas não só tecnologia, pessoas também eram ostensivamente utilizadas para que a espionagem fosse o mais abrangente possível.
Não havia economia de recursos.
A Stasi contava com um aparelhamento de 90 mil “policiais”. Mas não só, a polícia secreta contava também com 175 mil informantes da própria população, que não eram oficialmente empregados.
Para se ter uma ideia da dimensão desse verdadeiro Big Brother, temos que levar em conta que a população da Alemanha Oriental era de 17 Milhões de habitantes. Ou seja, 1 espião para cada 63 habitantes.
Isso gerava um clima de desconfiança geral. Colegas de trabalho, amigos e, não raro, parentes se denunciavam. Qualquer um poderia ser um agente disfarçado. Nem as crianças escapavam.
Em excursões e em aulas normais, algumas crianças eram “convidadas” para escrever um relatório sobre a conduta dos professores.
Apesar de toda essa vigilância, a Stasi não tinha uma tradição violenta.
Atribui-se isso ao repúdio da Alemanha pós-guerra às práticas violentas da Gestapo (Polícia Secreta Nazista). Além disso, a Stasi reconhecia que a pressão e a tortura psicológica surtiam muito mais efeito.
Em Berlim você pode aprender e vivenciar muito mais dessa densa história.
A antiga sede da Stasi é hoje o Stasimuseum. Depois da queda do muro e pouco antes da reunificação da Alemanha a própria população tomou o prédio.
Para chegar, pegue o U5 na Alexanderplatz em direção a Honow e desça na Magdalenenstraße. O museu fica na rua Ruschestraße nº 103.
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Hoje em dia, com o filme “A vida dos outros” fica mais fácil compreender a dimensão e os absurdos da Stasi. Dê uma olhada no nosso post sobre Filmes de Berlim para ver mais sobre esse e outros filmes de/sobre/na cidade.
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Tem um filme espetacular sobre a Stasi. Recomendo assistirem Das Leben der Anderen.
Sim, Klaus, um otimo filme! Já assistimos, claro! Voce já viu o post do Pacelli sobre Filmes de/em/sobre Berlim? 😉
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