Nos anos 20, a Potsdamer Platz era o coração da cidade, com vida cultural efervescente.
Infelizmente quase toda a praça ficará em ruínas em 1945 e servirá de faixa da morte do muro de Berlim até sua queda, em 1989.
A Potsdamer Platz ressurge das cinzas, como uma fênix, quase na virada para o século XXI.

É esse espírito que a Potsdamer Platz nos mostra hoje: uma praça voltada para o futuro.
O surgimento da Potsdamer Platz
Muito antes da segunda guerra mundial, a Potsdamer Platz já tinha seu lugar no coração dos berlinenses: no início do século XIX, em 1830, a então chamada “Platz vor dem Potsdamer Thor” (Praça ante ao portão de Potsdamer) já era um local para ver e ser visto.
Nos anos 1920, a Potsdamer Platz já possuía U-Bahn e S-Bahn, 26 linhas de bonde e 5 linhas de ônibus – era a praça com o maior tráfego da Europa.
Mais de 20.000 carros cruzavam a praça diariamente, e cerca de 83 mil viajantes chegavam na estação de trem daqui.
Em 1924, a Potsdamer Platz recebeu o primeiro semáforo da Europa
Eu sempre gosto de repetir isso para os nossos clientes durante o passeio.
Não foi em Londres, não foi em Paris. O primeiro semáforo da Europa foi instalado em Berlim. Bem no meio da Potsdamer Platz.
O semáforo simboliza a avançada metrópole que era Berlim naquela época.

Hoje temos uma réplica do semáforo de 1924 no mesmo local
Junto a grandes hotéis e à vida social em bailes e festas, a Potsdamer Platz era um local de prazer e diversão burguesa.
A destruição da Potsdamer Platz e o muro de Berlim
Durante a segunda guerra mundial, a Potsdamer Platz foi quase que completamente destruída, sobrando apenas a casa de Vinhos Huth e ruínas do Hotel Esplanade no ano de 1945.
Com o término da guerra e a divisão da Alemanha, a Potsdamer Platz ficou quase completamente devastada.
Em 1945, os aliados dividiram a cidade de Berlim em quatro setores e a Potsdamer Platz ficou conhecida como “esquina dos três países”, dividida entre França, Inglaterra e EUA – e por isso detentora de um grande e vivo mercado negro.
Com o bloqueio de Berlim, em 1948, foi delineada uma marca de separação no chão dividindo o setor soviético dos três setores ocidentais na praça.
Em 1953, o levante de 17 de Junho chegou até a região, quando o resto dos prédios existentes foram queimados.
Eu escrevo mais sobre o o levante de 17 de junho de 1953 neste post do antigo prédio da Luftwaffe.
Devido à devastação e à separação dos setores oriental e ocidental, os investidores foram perdendo o interesse na área.
Durante a divisão física da cidade através do muro de Berlim (a partir de 1961), a praça foi completamente esvaziada, pois o muro passava exatamente pelo meio dela.

Hoje é possível ver pedaços do muro que nos lembram da sua passagem por aqui
Em nenhum outro lugar a “faixa de morte” (em alemão Todestreifen – espaço entre dois muros paralelos que era utilizado para vigilância) era tão larga quanto na Potsdamer Platz.
Todos os prédios que ficavam na planejada faixa da morte tiveram que desaparecer.
Além do mais, do lado ocidental da praça, o senado comprava as ruínas dos prédios para destruí-los, pois esses representavam perigos de queda.
Ou seja, por motivos variados, o pouco que sobrou da praça depois da segunda guerra mundial teve que ser posto ao chão.
A Potsdamer Platz hoje: a fênix que ressurgiu das cinzas
Com o 9 de Novembro de 1989 e a derrubada do muro, as coisas foram mudando pra Potsdamer Platz.
Já alguns dias depois da queda, um pedaço do muro que ali passava foi retirado, e uma passagem pela fronteira foi aberta no dia 12.
Em 1990, o líder da banda Pink Floyd, Roger Waters, organizou um grande show ali, chamado The Wall.
O show foi entre a Potsdamer e a Pariser Platz, duas praças que até então eram “terra de ninguém” devido ao muro de Berlim, que passava no meio delas. Foi o maior show da história do rock na cidade até o momento.
Com a reunificação, a Potsdamer Platz ressurgiu como o novo centro de Berlim, bem no meio da antiga divisão.
Na década de 90, então, passou a ser o maior e mais conhecido recanto de obras da Europa.
A reconstrução da Potsdamer Platz veio junto ao conceito de “Cidade para o século XXI”.
Hoje, com sua mistura entre shoppings, empresariais, restaurantes e residenciais, a Potsdamer Platz tornou-se novamente um importante bairro de Berlim.
Não tem só uma arquitetura imponente e contemporânea, como também tem grande expressão no cenário cultural da cidade.
A Berlinale, importante evento do cinema, por exemplo, acontece aqui. Assim como a Longa Noite dos Museus teve seu posto permanente no Kulturforum Potsdamer Platz.
Diz-se que a Potsdamer Platz é como uma fênix que ressurgiu das cinzas.

Escultura “Phoenix aus der Asche” do artista israelense Gidon Graetz, na região da praça.
A praça conta hoje com o seu quarteirão original, que tem um shopping, um cassino, um cinema e vários restaurantes – além de residências, escritórios e também uma plataforma panorâmica para ver a cidade do alto.
E conta também com o Sony Center, um centro construído originalmente com recursos da Sony e que possui um enorme cinema (inclusive com filmes em língua original), restaurantes, o museu de filme e TV e também os restos da última ruína da praça.
https://www.instagram.com/p/BeImHDQh2ku/?taken-by=agendaberlim
Você já viu que a Potsdamer Platz é um ponto imperdível em Berlim, não é?!
Se você não for fã da arquitetura contemporânea da praça, um dos poucos exemplos desses em Berlim, vale a ida no mínimo pelo respeito por toda sua história.
E você pode inclusive se hospedar em um dos ótimos hotéis na praça.
Dá uma olhada aqui nas nossas indicações de hospedagem em Berlim!
A gente adora terminar os nossos passeios pelo centro de Berlim nessa praça, resumindo a história de uma cidade que não esquece o seu passado, mas já se volta para o futuro.
Agenda você também o seu passeio por Berlim com a gente!

Dá pra acreditar que o pessoal tá tomando banho de sol em cima de um monte de escombros da segunda guerra? Meio surreal, mas assim é a Potsdamer Platz.
Quem sou eu: Nicole
Desde os 3 anos fiz da leitura a minha melhor aliada. Mas diferente de Pacelli, de vez em quando preciso dar uma pausa nos livros de filosofia, história e política e partir para ler um romance. Por gostar de escrever de forma didática, sou responsável pela maior parte dos posts práticos aqui do blog.
19 Comments
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Parabéns pelo belo texto. Como sempre nos ensinando algo interessante sobre Berlim ou a Alemanha. Continuem assim.
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Author
Muito obrigada, Edson! Adoramos ensinar algo interessante sobre Berlim e Alemanha 😉
Abraços!
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Europeu tem mania de pegar sol de roupa kkkkkkkkkkkkkkkk imagina a marca que fica