Nós já escrevemos que o Muro de Berlim caiu no fatídico dia 9 de novembro de 1989 e que aquela data ficou marcada como fim de uma era.
Era o fim da chamada Guerra-Fria, que já vinha desde 1945 com a polarização mundial entre os EUA e a União Soviética.
A queda do muro representava a unificação dos alemães como povo. Mas e a reunificação alemã em termos políticos e territoriais?
Território Alemão – Antes de Depois
A reunificação alemã não foi tão fácil assim
Mas é claro que a reunificação alemã, sob o ponto de vista da política, diferentemente da queda do muro, não poderia ter acontecido da noite para o dia.
Foi quase um ano de intensas negociações entre o então Chanceler alemão, Helmut Kohl, os governos das potências do pós-guerra e os ainda governantes da Alemanha Oriental.
O muro cai, como já dito, em 9 de novembro de 1989, mas a reunificação política só acontece totalmente no dia 3 de Outubro de 1990. E é isso que comemoramos hoje aqui na Alemanha.

Bundesarchiv, B 145 Bild-F074398-0021 / Engelbert Reineke / CC-BY-SA 3.0, Bundesarchiv B 145 Bild-F074398-0021, Bonn, Pressekonferenz Bundestagswahlkampf, Kohl, CC BY-SA 3.0 DE
As primeiras dificuldades da reunificação alemã
É claro que uma Alemanha reunificada assustava muita gente. Um dos maiores causadores de problemas do século XX ameaçava voltar com toda a força.
“We beat the Germans twice, and now they’re back.” (Nós derrotamos os alemães duas vezes e agora eles estão de volta).
Essa foi uma frase da Dama de Ferro, a Primeira Ministra britânica Margareth Thatcher quando soube das intenções do Chanceler Helmut Kohl.

A Dama de Ferro Britânica
Mas não só os britânicos ficaram apreensivos. Os franceses também ensaiaram dificultar a reunificação alemã, já que uma desproporcional potência econômica vizinha seria muito vergonhoso para a França.
Somente quando Kohl prometeu uma futura união monetária e política, com Alemanha e França lado a lado, é que as lideranças da França passaram a aceitar.
Kohl também teve que prometer à União Soviética que o exército alemão ficaria muito menor. E os EUA, na época sob o comando de George Bush pai, aceitou a reunificação alemã desde que o “novo país” fizesse parte da Otan e se integrasse no eixo ocidental.
As negociações com a Alemanha Oriental
O Chanceler alemão aceitou negociar com o comando da Alemanha Oriental somente se eles aceitassem a economia de mercado e livres eleições.
Houve eleições na Alemanha e a Allianz für Deutschland (Aliança pela Alemanha), dominada pelo CDU de Kohl, teve uma vitória enorme, com 48% dos votos. A socialdemocracia conquistou 20% dos votos e o PDS, Partei des Demokratischen Sozialismus (Partido do Socialismo Democrata), que representava os herdeiros políticos do já sem representatividade SED, obteve 16% do pleito.
Finalmente uma Alemanha Unificada e Soberana
Depois das intensas negociações e das eleições gerais, pela primeira vez desde 1945, a Alemanha voltava a ser tratada como um país 100% soberano, e passava a ver os outros países, inclusive as potências que a derrotaram, em pé de igualdade.
No dia 3 de Outubro de 1990, a Grundgesetz (Lei Fundamental) entrava em vigor em todo o território alemão.
O Presidente da Alemanha na época (sim, o cargo existe e não é o mesmo que Chanceler), Richard von Weizsäcker, proferiu a seguinte frase em um de seus mais célebres discursos:
“O dia chegou. O dia em que pela primeira vez, na história de toda a Alemanha, o país encontra seu lugar duradouro entre as Democracias Ocidentais.” (numa tradução bem livre minha)
Fontes:
Site – www.spiegel.de/international/europe/the-iron-lady-s-views-on-german-reunification-the-germans-are-back-a-648364.html
Livro – Peter Zolling, Deutsche Geschichte von 1871 bis zur Gegenwart.2009
Quem sou eu: Pacelli Luckwü
Economista, mas apaixonado por filosofia, literatura, história e alta cultura, resolvi estudar os temas que aprecio em casa. Sempre procuro incluir essas temáticas nos meus posts sobre Berlim e Alemanha que você encontra por aqui.
5 Comments
-
Oi pessoal do Agenda Berlim. Parabéns pelo blog. Estive em Berlim em outubro e aproveitei bastante as dicas de vocês para passeios, transporte, museus e tudo mais. Gostei muito dai e pretendo voltar.
Um abraço-
Que maravilha, Rita! Fico feliz que tenhamos ajudado na sua viagem!
Muito obrigada por passar aqui.
Abraços!
-
-
Nunca tive interesse pela Alemanha. Mas, quando assisti pela TV a queda do Muro de Berlim, em 1989, me lembro de ter pensado: momento histórico, que meus filhos estudarão nos livros… Foi de arrepiar!
Vou com marido e filha, agora em julho, pra Berlim, seguindo as dicas de vcs, e imagino que vamos nos emocionar relembrando essa data.
Na verdade, ir a Berlim foi algo decidido recentemente após ler blogs como o de vcs. Na volta, posto por aqui nossas impressões. Obrigada pela ajuda em todos os posts! 😉
Abs.-
Que coisa boa de se ler, Leo. Fico feliz que vocês estejam vindo e que o nosso blog tenha ajudado nessa decisão.
Com certeza vocês irão curtir bastante.
Obrigada pelo comentário!
Abraços!
-