
Desde o início da pandemia de Covid-19, boa parte da economia alemã parou e foi fortemente prejudicada.
Mas, como de costume, há os ganhadores. Os fabricantes de papel higiênico viram a demanda por seus produtos explodir (mesmo o Coronavírus só causando diarréia raríssimamente), assim como algumas grandes empresas de compras online e, claro os supermercados, que tiveram faturamento 70% maior.
Entretanto, não só o mundo da economia foi chacoalhado. O mundo político tem passado por reviravoltas.
Partidos tradicionais antes do Covid-19
Antes de toda a história com o Coronavírus, os partidos mais tradicionais da Alemanha, chamados Volkspartei (partidos populares), caíam nas intenções de votos praticamente a cada mês desde as eleições de setembro de 2017.
SPD
O partido SPD (Social Democrata), de centro-esquerda que formou coalizão com o CDU de Angela Merkel, chegou a amargar 11% da preferência do eleitorado numa pesquisa feita em dezembro de 2019.
Essa porcentagem de votos para um partido que elegeu alguns dos chanceleres mais importantes do país é um péssimo resultado.
E a cada eleição estadual, o SPD caía cada vez mais nos últimos anos.
CDU/CSU
A união CDU/CSU (Democratas cristãos), de centro-direita, também sofreu bastante nos últimos anos.
Esse é o principal partido alemão, que mais elegeu chanceleres.
A CDU é o partido que governou o imediado pós-guerra na Alemanha, tendo Konrad Adenauer como líder, o partido que, com Ludwig Erhardt, promoveu a milagre econômico alemão e que, a partir de 1989, com a queda do muro de Berlim, foi o principal responsável pelo sucesso da unificação alemã na figura de Helmut Kohl.
Entretanto, nos últimos anos, o partido vinha caindo muito na aprovação dos eleitores. Imagine um partido que sempre rondou os 40% dos votos, de repente cair para 24%. Uma queda muito drástica. E não faz muito tempo, foi no ano passado, em 2019.
Falava-se muito na imprensa daqui sobre o fim dos Volkspartei, os partidos mais populares.
E em quem ganhou com a queda dos Volkspartei?
Olhando as inteções de voto, vemos um achatamento dos partidos de centro. As pontas crescem.
O partido de direita, o AfD (Alternativa para Alemanha, é bem recente, criado em 2013.
Apesar de todas as polêmicas nas quais se envolve, sendo uma de suas alas claramente envolvida com o nacionalismo radical, chegou a ter 16% de inteções de voto.
O AfD, um partido de 2013, e o SPD, o mais antigo da Alemanha e que já governou o país, chegaram a encostar um no outro!
Outro partido que, até a disseminação do Covid-19 tinha se saído como grande vencedor foi o partido verde o Grüne.
O partido foi muito ajudado pela insatisfação do eleitorado com os partidos tradicionais e, principalmente, pelo fato da importância dada à pauta ecológica.
Falou-se muitas vezes por aqui que o Partido Verde poderia se tornar um novo Volkspartei.
No ano passado, o Grüne chegou a bater 27% dos eleitores pesquisados! E isso para um partido que até 2017 dava saltos de alegrias se chegasse aos 10%.
O que alterou com o Covid-19?
Tudo!
Grosso modo, o que explica grande parte da mudança é a alteração da pauta.
Se antes o Partido Verde ganhava com pauta ecológica e o AfD com os problemas migratórios, agora a pauta é saúde e economia.
Hoje a população vê o ministro da saúde Jens Spahn, do CDU, na imprensa todo dia. As pessoas reconhecem o bom trabalho dele.
As pessoas percebem que, por mais que a situação seja difícil, a Alemanha tem bons números a mostrar.
Mas além de tudo isso, um fator difícil de contabilizar, porém não deve ser desprezado é que em momentos de crise, a população tem preferência por quem tem mais experiência, no caso o CDU/CSU.
Uma notinha aqui. O CSU é um partido irmão do CDU, só que apenas na Baviera, e o governador desse estado, Marcus Söder tem se saído como grande vencedor político de toda essa história, pois tem feito um bom trabalho e tem aparecido bastante.
E como tá o cenário político agora?
Eu fiz uma tabelinha me utilizando de dados do Forsa Umfrage que faz pesquisas frequentemente simulando se as eleições federais alemãs fossem hoje.
E olha só o resultado:

Eu basicamente comparei os dados de fevereiro desse ano com abril. E olha só a diferença em tão pouco tempo.
Podemos dizer que mesmo em períodos de crise, como a que estamos vivendo agora, sempre há quem ganhe, sejam alguns setores específicos da economia sejam alguns partidos políticos, eu arriscaria dizer que o mais experiente.
É claro, porém que o CDU está sendo visto como um partido que está dando as respostas certas e de maneira ágil, caso contrário, mesmo com toda experiência governando a principal economia da Europa, não teria subido tanto no conceito do eleitorado.
Resta esperar para ver se essa tendência se mantém ou se vai desaparecer junto com a crise do Covid-19.
Quem sou eu: Pacelli Luckwü
Economista, mas apaixonado por filosofia, literatura, história e alta cultura, resolvi estudar os temas que aprecio em casa. Sempre procuro incluir essas temáticas nos meus posts sobre Berlim e Alemanha que você encontra por aqui.3 Comments
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